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Corvo Seco @UCj-lLXG3dOyr6WJ3H2-1ifA@youtube.com

501K subscribers - no pronouns :c

🔥 Transcendental wisdom. 💀 Non-duality. 🔪 Self-inquiry.


Welcoem to posts!!

in the future - u will be able to do some more stuff here,,,!! like pat catgirl- i mean um yeah... for now u can only see others's posts :c

Corvo Seco
Posted 1 week ago

Olá caros amigos,

Superando qualquer expectativa, hoje celebramos 500 mil inscritos no YouTube.

Quando iniciamos o canal, há quatro anos atrás, isso seria impensável, afinal, como disse Swami Vivekananda: “A maioria das pessoas não podem aceitar esta filosofia Advaita, ela é muito dura.” Ainda assim, aqui estamos.

Muito obrigado aos que fizeram isso possível. Obrigado por cada comentário, compartilhamento, mensagem e toda forma de apoio.

Obrigado também aos convites de participações em outros canais, entrevistas e etc. Aproveitando-se dessa nota, esclarecemos que, por ora, não faremos exposições.

Um carteiro muito ocupado evita o desnecessário, ele não está interessado em falar sobre si mesmo. Não de modo que exista algo de especial em seu anonimato, mas apenas pela praticidade de caminhar sem atrasos até a próxima casa. Assim também, estamos ocupados com a entrega da mensagem, de modo que tratar sobre o mensageiro seria um desperdício.

Basta-nos o essencial, aqui, bem definido pelas palavras de Dzongsar Jamyang Khyentse:

“Temos que estar atentos às mudanças e nos adaptar a elas porque nossa missão é realmente propagar e preservar o Dharma. Também temos que manter o Dharma, o Dharma autêntico, vivo e funcionando. Ao mesmo tempo, também temos que pensar em tornar o Dharma disponível – não apenas em termos de traduzir as palavras do Buda, organizar ensinamentos, facilitar a prática. Claro, isso temos que fazer, e estamos fazendo. Mas também temos que pensar seriamente em como tornar o Dharma entendível, mastigável, digerível e apetitoso – muito apetitoso – para a próxima geração”.

Nisso estamos concentrados em período integral. Algo que só foi possível devido ao interesse de buscadores sinceros.

Novamente, muito obrigado.
E um forte abraço a todos os amigos do Caminho.

Corvo Seco.

7.2K - 554

Corvo Seco
Posted 3 years ago

Olá amigos, tudo bem por aí?
Primeiramente, muito obrigado a todos que acompanham este canal.
Há um mês atrás, no dia 18/04, num domingo, lançávamos aqui o que seria nosso vídeo mais acessado: “Wu Hsin - A Compreensão Absoluta”.
Nossa expectativa de popularidade sempre foi muito baixa, afinal, tratamos daquilo que poucos querem ouvir, o fim do egoísmo.
Por exemplo, nessa frase de Wu Hsin:
“A estratégia de buscar uma posição vantajosa sobre a vida é a fonte da tristeza”.

Normalmente esse tipo de ensino, que não alimenta nenhuma característica pessoal, é brevemente dispensado. Acontece que todos querem o bem-estar da espiritualidade, mas poucos aceitam o preço desse autoconhecimento.
Todos querem o fim do sofrimento, mas poucos estão dispostos a intervir na origem desse sofrimento, o eu.
Isso não é novidade. A surpresa é pensar que um canal como este, que fala sobre isso, pudesse crescer dessa forma. Por isso, muito obrigado a todos os que estão aqui.
Muito obrigado a todos os que comentam, compartilham, se interessam e ajudam nessa divulgação. 🙏❤️
Caso você queira ter um contato mais próximo, nos envie uma mensagem pelo Instagram: www.instagram.com/corvoseco/


Novamente, vamos falar um pouco sobre tudo isso.
Nosso conteúdo no YouTube e no Instagram pode ser resumido a uma única questão: “Quem sou eu?”.
No dia-a-dia, tudo nos aponta para o outro lado. Já está pré-estabelecido que somos “algo”, e trabalhamos intensamente para o concretizar dessa personalidade como a visão definitiva sobre a realidade. Tudo nos ajuda a fortalecer o realismo dessa miragem.
Porém, como é notável, desde sempre, os sábios estão na contramão.

Através da filosofia, Sócrates diria:
“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”.


Além de todos as coisas que nos ensinam, nossa prática é conhecer esse sujeito, o eu, que interage com a realidade que surge a partir dele.
Antes do mundo, existe alguém que vê o mundo. Entender essa “base” é o nosso interesse, antes de entender a continuidade, podemos entender quem é esse que entende o ritmo das aparências.
Enquanto você dorme, não existem palavras, conceitos, formas ou teorias. Quando você acorda, tudo o que lhe ensinaram aparece, e então, você tem o seu “jeito” de ser, com suas crenças, capacidades, medos e ambições.
Nosso trabalho não é tentar mudar os fatores externos, mas é observar e entender a base da experiência, o eu. Não é tentar consertar nada do lado de fora, mas entender a razão das nossas reações internas.

Pense no sofrimento da vida como uma árvore doente. Enquanto tratamos das folhas, dos galhos ou do tronco, tudo pode ser superficial e insuficiente, e então, é necessário tratar a raiz.
Antes de tudo, “quem sou eu”?
Essa é a raiz.


Quem nos ensina isso são os sábios. E o que eles nos dizem, como uma boa notícia, é que a condição humana dispõe de uma “opção perfeita”.
Independentemente de como você esteja, você ou qualquer outro, pode alcançar um estado de paz inabalável, de felicidade constante, de um entusiasmo que não cessa e um comportamento compassivo que ajuda a qualquer um.
O seu emprego pode ser o mesmo, sua família, sua casa, seus amigos e todo o resto. Isso não é sobre mudanças do lado de fora, é sobre uma compreensão interna que dá fim ao sofrimento.
Até aqui, tudo parece fantástico. Porém, o grande segredo para atingir essa “vida perfeita” é perder a si mesmo. E nesse momento todos param de ouvir.

A realidade é perfeita, mas filtrada pela lente da identificação pessoal, e aí está o sofrimento. Ver o que é, além de si mesmo, é o que esclarece nossas confusões.
Porém, é necessário perder o interesse de enxergar exclusivamente através dessa lente particular.
Não podemos entender todo o cenário enquanto interpretamos uma das peças de modo tão apaixonado. É necessário certo desinteresse pela nossa perspectiva individual, pois sem a desindentificação e o desapego, continuamos cegos pelas próprias opiniões.
Apenas quando conseguimos “dar um passo para trás”, reconhecemos o que é a luz da consciência, e então, algo novo começa.
Em resumo, o que os sábios ensinam é que todo sofrimento humano nasce do próprio egoísmo.
Então, quando falamos sobre o fim do “eu”, alguns pensam que o objetivo é se tornar um corpo vazio jogado no chão como um boneco de pano.

Mas por que um sábio recomendaria isso?
Não é disso que se trata, e no fundo todos sabem disso, mas quem entende essas palavras é o ego, e transpassar esse tradutor não é fácil.
De início, todo esse papo parece muito abstrato, como uma “filosofia sem sentido”, e sem o desapego as nossas próprias conclusões, não conseguimos ouvir.
Para o nosso próprio bem, é necessário estar vazio.


“O apego às crenças é o maior obstáculo. Ser livre é saber que não se sabe”.
Wu Hsin.


“Esse ‘você’ que você pensa que é, não existe.
Acordar para quem você é, requer desapego de quem você imagina ser”.
Allan Watts.


Normalmente, estamos acostumados com as nossas algemas, e tudo o que contraria esse estado comum deve ser evitado, pois levamos muito tempo construindo essa nossa prisão de “realidade paralela”, feita de ideias, imaginações, sonhos e recordações.
É difícil reconhecer que tudo o que vivemos é apenas um sonho desagradável, pois quem está vendo essa história é o mesmo que quer continuar sonhando.
O que chamamos de “eu”, é como um sequestrador, que está vivenciando essa experiência como algo particular, como um parasita. É apenas um mal-entendido, você não é quem você pensa ser, você é aquilo, que é inexplicável.
Nosso caminho, é atravessar as imagens para além de nós mesmos, num retrocesso de expansão interna, e então, podemos nos aproximar da realidade como ela é.
Porém, quem entende essas coisas é o mesmo que não quer ajudar.
Por isso, através de uma compreensão racional não podemos encontrar a resposta.
Através de um estudo formal, como um campo teórico, um “assunto”, não podemos encontrar o silêncio.


“Assim como um pássaro não deixa rastros no céu enquanto voa, o verdadeiro ensinamento não deixa rastros na memória.
Se o ensino vem do passado, da memória ou de conceitos, é pregação, não ensino”.
Papaji.


Dessa forma, a não-dualidade é a perspectiva que descarta tudo o que é superficial, e nos leva direto a raiz de todas as questões, o eu.
Não como uma teoria a ser estudada, mas como uma instrução direta, para aplicarmos aqui e agora. É uma ação, não lá, distante como se fosse para outra pessoa, mas aqui, agora, acontecendo.
Se conseguimos ouvir uma instrução direta, sem o uso da interpretação mental, podemos sentir a simplicidade de tudo isso. A dificuldade é aceitar o “esvaziar-se”.
Quando não conseguimos ouvir é porque estamos “tapando” a realidade com a nossa presença egoísta, interpretando, interagindo, pensando e manifestando. A isso, também há tratamento, e aquele que o buscar o encontrará.


“A verdade é simples, mas o buscador da verdade é complexo”.
Mooji.


Por isso, o caminho é sutil e exige vigilância, pois podemos descartar um personagem mundano e ordinário para “vestirmos” um novo personagem, espiritualizado e desconstruído.
Em busca de um conforto em categorizar e fingir, podemos dizer:
“Pronto, entendi esse assunto, caso encerrado”.
Porém, não há ninguém para entender a origem da consciência.


“O pensamento é tão astuto, que distorce tudo para a sua própria conveniência”.
Jiddu Krishnamurti.


O único meio para experienciar isso é através da própria honestidade, de não fingir e não se enganar, é manter-se simples e humilde.


“O início de todo conhecimento vem da humildade”.
Bhaktivedanta Swami Prabhupada.


“Você não pode pensar numa maneira de fugir de uma caixa que é feita de pensamentos”.
Krishna Das.


“Você não precisa aspirar ou obter algum novo estado.
Livre-se dos seus pensamentos atuais, isso é tudo”.
Ramana Maharshi.


“Não é você quem deseja, teme e sofre, é a pessoa construída em seu corpo por circunstâncias e influências. Você não é isso.
Questione a si mesmo até que haja uma firme convicção de que você não é o corpo, então, essa individualidade está perdida”.
Nisargadatta Maharaj.


“O jogo não é se tornar alguém. É se tornar ninguém”.
Ram Dass.


“Estudar o caminho é estudar a si próprio.
Estudar a si próprio é esquecer-se de si próprio”.
Eihei Dogen.


“No centro do seu ser você tem a resposta.
Você sabe quem você é, e sabe o que quer”.
Lao-Tsé.


“A mente é a raiz de onde tudo cresce, se você puder entender a mente, todo o resto está incluído”.
Bodhidharma.


“Aonde quer que você esteja, é seu ponto de entrada.
Fique quieto e descubra quem você é”.
Kabir.


“Quando nossa falsa percepção é corrigida, termina também a nossa miséria”.
Shankara


Existem muitas formas de atingir esse entendimento, e com algum interesse qualquer um pode encontrar o seu caminho.
Uma forma de trabalhar é meditar todos os dias, sempre que possível, consumindo a presença do sagrado e do transcendental. Quanto mais simples, mais direto.
Como diz o titulo do nosso último vídeo: Siga seu coração.


Antes de partir, muitos nos pedem algumas dicas de leitura.
Caso você seja novo em tudo isso, um bom início é o livro “O Poder do Agora”, de Eckhart Tolle:
amzn.to/3xJ0fEL

Ou no caso de uma instrução mais direta, recomendamos “Perolas de Sabedoria”, de Ramana Maharshi:
amzn.to/3og4XW4


Ou caso você queira saber mais sobre a filosofia indiana, há livros como:
Advaita Bodha Deepika: amzn.to/3u0qdR9
Viveka-Chudamani: amzn.to/3eWeUVO
Vedanta - Uma Simples Introdução: amzn.to/3tZerXh
O Yoga que conduz à Plenitude: amzn.to/2SVwoJb
Veda: o Sagrado e a Existência Humana: amzn.to/3eZGu4E
Upaniṣadas: amzn.to/2S6nkkg


Por favor, diga nos comentários um livro que você recomenda, assim podemos espalhar essa luz aos que procuram por ela. 🙏

De qualquer forma, o melhor conteúdo é aquele pelo qual você sente interesse.
Quando temos vontade, ferramentas não nos faltam.
Que todos possam encontrar a paz. Muito obrigado. 🙏❤️

7.1K - 538

Corvo Seco
Posted 3 years ago

Olá amigos. Nosso entendimento não-dual ainda parece confuso a muitos que frequentam esse canal, e por isso, talvez seja benéfico divulgar algumas notas.
Não se preocupe, no fim, todos queremos a mesma coisa. 🙏❤️
Como diria Ram Dass:
“Só estamos levando uns aos outros de volta para casa”.

Se você é religioso, imagine essa cena:
Estamos todos subindo uma montanha, e nosso objetivo final é o mesmo, alcançar o topo, o absoluto. Isso é aquilo que está além de tudo, é a paz que excede a todo entendimento, é a luz infinita que é anterior a consciência, aquilo, que também é chamado de Deus.
Começamos da base da montanha, sem entender quase nada, e então, alguém nos ensina sobre o caminho espiritual, seja ele qual for.
É possível que você procure um grande grupo de “alpinistas”, pois quanto maior o número de envolvidos, como numa religião, maior a probabilidade de alcançar a meta. Mas no meio do percurso, vemos que isso não é o principal, pois entendemos que apenas a nossa própria compreensão pessoal é capaz de transformar a realidade.
De todo modo, qualquer um que se arrisque a sair da miséria do mundo ordinário, para subir essa montanha de vida eterna, ganha ferramentas apropriadas para essa escalada, e essas peças são conhecidas como “palavras”.

Aprendemos a chamar as coisas pelos nomes, é a nossa função racional de entendimento.
As palavras e os conceitos são como as ferramentas que nos ajudam a subir na compreensão. Você acredita nisso e naquilo, mas na verdade, essa crença é como utilizar uma boa bota e uma boa luva para prosseguir nessa ascensão. Mas isso não é quem você é, é o que você usa para continuar subindo.

O caso, é que se nos apegamos muito a linguagem, abandonamos o objetivo para rolar abaixo em debates teóricos, que são questões mecânicas, e assim, continuamos perdidos.
Do contrário, se vamos direto para a última meta, respeitando os diferentes trajetos, então podemos nos incentivar, pois lá em cima, todas essas ferramentas serão descartadas.
O fim é sempre o mesmo, basta não dar muita atenção ao atrito que nos separa, mas observar a direção que nos une. Essa, é sempre a mesma luz divina que rasga qualquer coração humilde.

Assim, muitos entram em conflitos como: “Mas, de que Deus vocês estão falando?”
E como diria Ramakrishna: “O único, e seus vários nomes”.

O absoluto é apenas um, o infinito, e nada está fora dele. Não há dois infinitos, pois o primeiro seria o mesmo que o segundo. Se há um ilimitado, e ele é sempre o mesmo.
Se você sabe que esse infinito existe, você já está no caminho. Conforme expandimos a visão vertical, todas as questões se dissolvem. O importante é seguir caminhando.

Porém, se você é ateu, a metáfora pode ser outra.
A vida é muito curta, e não podemos perder tempo com nada que seja superficial.
Pense em ouvir uma música durante cinco minutos. Ela pode ser qualquer uma, e então, por que perder tempo ouvindo uma música ruim?
Não podemos desperdiçar nossas vidas consumindo mediocridades. Séries, filmes, cursos e livros que não nos levam a nada.
Pense em você como um computador, enquanto você reproduz esse conteúdo superficial e insignificante, todas as peças estão se enfraquecendo com o tempo, e logo, todo esse aparelho deve parar de funcionar.
Não podemos lutar contra a inevitabilidade da morte, mas podemos melhorar essa máquina enquanto é tempo.
Não temos muito critério e discernimento para entender o que é uma vida bem vivida, mas podemos melhorar o nosso aparelho, buscando a sabedoria, e então, podemos melhorar em todas as áreas do comportamento humano.

Entre todos os cenários possíveis, há sempre essa opção:
“Vou passar por isso, e não posso evitar, mas posso viver sofrendo e desesperado, ou de modo sereno e pacífico”.
Talvez você ainda não consiga acreditar, mas qualquer humano pode alcançar um estado de felicidade absoluta, imperturbável, sóbrio e consciente, sem nenhuma dependência externa.
Não é sobre o fim dos problemas. É sobre ter lucidez diante a eles.
Entender isso não pode impedir um acidente de trânsito, mas pode te dar a paz e a sabedoria para ver a situação de modo tranquilo, leve, lúcido e compassivo.
É sobre perder as paixões da ingenuidade, para entender a realidade como ela é.
Não é um assunto “espiritualidade”, é sobre conseguir enxergar a vida de modo totalmente satisfatório, sem um “eu” egoísta que corrompe a visão natural.
Não é sobre vestir uma roupa diferente e ir meditar no meio da floresta, é sobre entender o sentido da vida, aí mesmo aonde estiver. Não é um tema distante, exótico, artificial e teórico, é sobre este momento, sobre essas letras, sobre tudo.
É responder a todas as perguntas, é saciar a sede do mistério. É entender a razão de toda a existência, e livre, viver de modo imortal, numa festa sem fim, na intensidade da eternidade.

Aparentemente, do outro lado, na vida comum, ninguém está bem.
Ninguém está plenamente satisfeito com a sua própria existência. Em algum nível, todos nós temos problemas, e em casos extremos, a dor humana alcança o absurdo.
Basicamente, o homem está sempre quebrado, e sempre esteve, em todas as épocas e regiões. Mas houveram alguns, excepcionais, que viveram em paz, em extrema alegria e em completo bem-estar. Coincidentemente, todos esses apontaram para uma mesma conclusão.
Estudar essa conclusão é o que chamamos de não-dualidade, mas afinal, o que é isso?

Nenhuma religião inventou isso. Aqueles que descobriram isso, floresceram a religiões.
O caso é que estamos intoxicados e poluídos pela impressão de um pequeno “eu” separado, vaidoso, sofredor e cheio de histórias. O objetivo é diminuir essa camada que nos cega a visão. É diluir essa divisão de um “eu” que interpreta e compõe tudo em pedaços, para podermos enxergar a forma crua e direta dos acontecimentos, sem a separatividade de um “eu” e suas fantasias, e assim, simplesmente, ver aquilo, que é o único.
Para atingir essa visão, existem os meios, como a meditação, a devoção, e todos os métodos particulares de cada homem que conseguiu essa mesma realização.
Mas afinal, o que é essa grande descoberta que está além da nossa mente individual?

Este é o grande mistério, que só você mesmo pode descobrir.
Quando alguém passa a entender o que é a realidade, ele a descreve como: “Estive sonhando, mas acordei”.
A isso, chamam “iluminação”. Essa descrição de acordar de um sonho nos faz pensar que nossa vida comum trata de questões superficiais e insignificantes, como um sonho, e que na verdade, o real acontecimento, é algo muito superior a tudo isso, e nesse estado, não há sofrimento, mas apenas a felicidade infinita.
Estamos em um corpo, captando sensações limitadas e temporárias. Por isso, temos sede, fome, dores e sensações, um constante suprir de necessidades, e o contínuo sabor da insuficiência. Tudo enquanto há tempo, pois no fim, em menos de cem anos, estaremos mortos. Seria muito triste, mas então, alguém se levanta do silêncio e diz:
“Espere, existe uma saída, e ela é transcendental. A morte não é o fim. O infinito é possível”.

Não foi apenas um que nos avisou sobre isso, mas vários.
O que é esse estado superior a tudo, ninguém pôde falar, pois ele é anterior às palavras.
Ninguém pode descrever o silêncio, pois qualquer palavra mata a sua realidade.
O que é aquilo, que é anterior ao sentido das palavras, é algo que antecede a toda essa nossa experiência. Isso é algo totalmente particular, dentro de si, intransponível e intransmissível.
Por tanto, não há como convencer alguém, é apenas uma sugestão, e aquele que estiver desesperado o suficiente para encarar com seus próprios olhos, poderá ver por si mesmo.
O experienciar dessa suprema realidade é possível, mas de início parece algo muito distante. Por isso, ouvimos aqueles que estavam entregues a essa dimensão, e esses, nos ensinam a como atravessar essa noite escura de ignorância, em direção ao amanhecer da sabedoria.

Observe os homens que foram considerados “santos”. Em todas as épocas. Alguns, filósofos, outros “enviados de Deus”, e as tantas variações de nomes. Não dê atenção ao que os separa (como a linguagem), mas observe o que os une, como o comportamento.
Se temos discordâncias, é pelo uso das palavras, sobre os termos e conceitos que usamos, mas tudo isso é superficial, temporário, cultural e religioso.
O importante é não nos apegarmos aos instrumentos. O que um mestre ensina varia conforme o seu contexto, como a cultura da época e a região, o ouvinte original, e tantas outras características. Se ficamos presos a forma, deixamos de ouvir a lição.

Como diria Buda:
“Olhe para estrela que o dedo aponta, e não para o dedo que aponta à estrela”.

A não dualidade nos aponta para essa “conclusão final”, para a “compreensão absoluta”, o profundo entendimento sobre “quem sou eu?”.
Se queremos entender isso, devemos dar mais tempo e atenção a esse assunto, tratando essa perspectiva como a mais importante, pois ela é.
Entender isso é o fim de todo o sofrimento e a passagem para uma vida de felicidade ilimitada.

No processo, existem cuidados como: “Não se empolgue com nenhuma experiência”.
O entendimento é muito sutil e devemos manter a vigilância, pois nosso objetivo não é “crescer”, mas sempre “diminuir”.
Como diria Wu Hsin: “Esvazie-se”.

Falar que tudo isso é fácil é como dizer a um profundo dependente químico que abandonar o seu vício é fácil. Ainda que possa ser, isso não ajuda no tratamento.
A condição humana é que a grande maioria está acorrentada a vícios e tendências, a hábitos e a padrões destrutivos. A quebra desse ritmo é como nadar contra a corrente, o que exige muita dedicação através de uma extensa reabilitação de lucidez.

Como diria o mestre Eihei Dogen:
“Aqueles que buscam o caminho fácil não buscam o caminho verdadeiro”.

Se todo esse papo parece importante, procure e trabalhe, pois o resto acontece naturalmente. Assim, quem tem sede sempre encontra essa fonte de água viva.
Obrigado a todos. 🙏❤️

3.6K - 263

Corvo Seco
Posted 3 years ago

Amigos, essa é a nossa perspectiva, e caso não seja a sua, tudo bem. 🙏
Começamos esse projeto falando com um pequeno grupo de interessados no tema, e por algum milagre do caminho, crescemos de modo surpreendente.
Nunca imaginamos que algo dessa perspectiva pudesse atingir um grande público, mas Wu Hsin acabou rompendo o véu das nossas ideias. Hoje, o que seria mais um vídeo despretensioso para menos de 2 mil pessoas, acaba de ultrapassar 220 mil views.
A partir desse mistério, surgiram muitos “novatos no tema”, e por isso, esse post, para talvez, ajudar a esclarecer alguns pontos.

Em palavras fáceis, esse canal reflete o entendimento “todos somos um”.
Existem múltiplas camadas sobre esse entendimento, mas no fim, tudo o que está acontecendo é uma mesma unidade. O mundo lá fora, seus olhos nessas letras, nossa aparência, nosso silêncio, e tudo o que há, é uma mesma unidade. Aquilo.
Por exemplo, através de uma perspectiva indiana, esse texto de Swami Tadatmananda nos ajuda a entender:

“De acordo com os Rishis, os sábios da Índia antiga, o mundo que está a nossa volta possui uma misteriosa dimensão oculta, uma dimensão invisível aos olhos, e que apesar disso, está imediatamente presente em cada experiência.
Tudo no mundo, incluindo você e eu, tem a existência derivada da fundação da realidade, a base primordial chamada Brahman.
O mundo que experienciamos é uma mera aparência. Formas e manifestações derivadas de uma única existência. Somente Brahman; e nada mais realmente existe.
Por isso estes ensinamentos são chamados de advaita, que significa “não dois”, ou “não dual”. O que significa negar a existência de qualquer outra coisa além de Brahman.
Advaita, é considerado ser o mais profundo conhecimento da espiritualidade indiana.
Gerações de pensadores profundamente contemplativos exploraram a verdade da não-dualidade. É impossível transmitir toda a raiz dessa verdade numa curta apresentação.
A meta última é direcionar você a compreender pessoalmente o que é Brahman, o que é o não dual, o que é a base dessa existência, o que é o experienciar desse verdadeiro “Eu”.
Atingir essa sabedoria pode transformar radicalmente sua vida.
Quando você descobre que seu estado natural é não-nascido, ilimitado, completo e totalmente intocável por toda aflição da vida diária, então, você pode desfrutar da paz que nunca oscila, mesmo em tempos de crises ou perdas.
Isto, é chamado de iluminação”.

Segundo Buda, no Sutra do Lótus:
“As palavras de todos os Budas são as mesmas: há somente o Veículo Único, não dois.
Conhecendo a verdade suprema da extinção tranquila, os Budas se utilizam do poder dos meios hábeis para fazer distinções entre os vários caminhos; mas, na realidade, o fazem em prol do Veículo do Buda”.

Assim, todos apontam para um mesmo entendimento, entre muitas formas e estágios, as ferramentas compreensíveis que nos levam ao absoluto.
Como diria Ramakrishna:
“Com sinceridade e seriedade Deus pode ser compreendido através de qualquer caminho. Todas as religiões são verdadeiras, o importante é chegar ao topo”.

É sobre isso que estamos tentando aprender, “quem sou eu?”.
Sou assim, penso assim, faço assim, lembro assim e pretendo agir assim, e tudo, baseado em um eu. Mas antes de tudo, quem é esse eu?
Antes das palavras, antes de toda as explicações que já ouvimos, antes da metafísica, do vedanta, da teoria e da possibilidade, antes de tudo, o que existe para que todas as ideias possam existir?
Existe alguém. Entender quem é esse “alguém” é o que nos leva à luz.
É fazer uma profunda investigação interna: “Qual é a origem do pensamento?”, “de onde vem a sensação de existir?”, “Qual é o princípio de tudo?”.
Durante a vigília do dia ou durante o sono da noite, sua existência permanece a mesma, ou seja, o “ser”, não é alguém que recita “eu sou”, é o ser, imperceptível a mente grosseira. Não é a forma que surge na variação da consciência, é sobre a fonte da consciência, de onde vem toda essa realidade.
Eu existo, eu sou, aqui e agora, sendo, mas isso não é alguém, é algo que está além da mente, mas que está tapado por ideias. Por isso, para ver, é necessário reduzir o muro que criamos contra essa visão, ou seja, o sustentador das ideias, o “eu”.
E isso só acontece através de silêncio, humildade, confiança e vontade (a angústia por querer saber a verdade). Segundo o budismo, é como uma bola de fogo, que não se pode cuspir nem engolir. Sem essa angústia, que nasce sem esforço, não há a força para te mover caminhando nessa direção.

Então surgem alguns dilemas como: “Se eu não pensar em nada, como vou ganhar dinheiro? Como vou sustentar minha família? Como vou viver minha vida? Todo esse papo é uma loucura”.
Objetivamente, nada vai mudar. Tente fazer qualquer coisa como você está acostumado, e depois, tente fazer o mesmo, completamente atento, sem interagir com os pensamentos de um “eu”. Continue trabalhando e agindo normalmente. Apenas tente desistir de ser “alguém” envolvido nessa complexa teia de história e acontecimentos.
Esse primeiro experimento demonstra uma real possibilidade, e é até fácil. Mas permanecer assim, diante a milhares de hábitos, vícios e doenças do egoísmo, é muito difícil. Para isso, se desdobra um caminho de prática, autoconhecimento, silêncio e progressiva paz.
Basicamente, não se preocupe, você não vai se tornar um bloco de pedra sem sentimento. Isso não é um reducionismo, mas ao contrário, é o máximo da experiência humana.

O caminho é para poucos, mas não se sinta especial por isso. Ninguém é inferior por pensar diferente, o próprio ato de pensar nos deixa no mesmo estágio, e isso não é uma competição de “quem sabe mais”, pois o único entendimento é a compreensão de que há ninguém para entender.
Não é uma filosofia abstrata para te deixar mais feliz ou acima dos outros. É se entregar ao que é, e na prática, objetivamente, agir por humildade, gentileza, compaixão e através de toda forma de amor.
Mais importante que um extenso conhecimento exótico e horas de meditação, é a forma como tratamos um estranho na rua.
Basta observar as relações diárias e o nosso comportamento, o quão bem tratamos os outros, e podemos notar nossa real adesão a esse caminho. É observar honestamente o quanto entender isso está nos aproximando do comportamento prático de Jesus, Buda, Ramana Maharshi e tantos outros.

Aquilo, que alguns chamam de Deus, sempre desvenda um novo meio que nos convida a entender essa possibilidade, que é anterior ao pensamento, e que é a fonte de onde tudo nasce. Não há nenhuma outra pessoa nessa história.
Isso não é uma teoria ou uma religião, isso não está preso a nenhum conceito, isso é anterior ao definidor de conceitos, é o que é, o que sempre foi e será.
Essa ausência de ser alguém, não é um niilismo ou um incentivo à autodepreciação, tudo isso ainda seria um exercício mental, e esse entendimento é simplesmente reduzir o que você pensa para descansar no silêncio que é. Ser alguém nos força a um ritmo muito intenso, e em meio a tanto ruído, é difícil discernir o que é a realidade.
Tudo o que nasce e morre, é temporário, é uma aparência, uma forma, e além de todos esses nomes, na profundeza do silêncio, existe algo dentro de você que é imutável, constante e eterno. Procurando por essa base, o que existe anterior a tudo, podemos ver a origem da existência, e ali, toda questão se dissolve.
Porém, sem sua própria experiência, toda essa conversa é uma alucinação. É necessário sentir por si mesmo, e isso só depende de você, nosso convite é: “descubra quem você é”.
E fazemos isso apenas porque alguém nos convidou um dia, e conforme seguimos por esse convite (ao longo de muitos anos de difícil e sutil entendimento) conseguimos nos livrar de muita dor, e hoje, vivemos um pouco mais em paz.

Muitos perguntam sobre o nosso canal, mas o corvoseco não é importante, ele é apenas um mensageiro, o que importa é a mensagem. Não pertencemos a nenhuma tradição, nem a nada grandioso, apenas reunimos os amigos numa sala e pensamos: “Todos os sábios estão dizendo a mesma coisa, será que é verdade?”. E tentando colocar em prática, tudo ficou mais fácil.
O corvo voa meio torto, mas tenta fazer o melhor que consegue (quando se apoia na mensagem), e assim, é possível, através daquela força, ver que existe um caminho para os pequenos, os imperfeitos, os que não sabem de nada, mas tentam manter um coração aberto para uma compreensão de paz.
Se você se permitir ser puxado por esse fluxo natural que nos chama, não temos para onde fugir, felizmente, pois isso é tudo o que há.
Desejo a você toda a felicidade da eternidade, mas para ver que essa possibilidade é real, é inevitável ter que usar os próprios olhos, e se você ainda está longe desse vislumbre, não se preocupe, pois tudo o que você precisa já está aí, seguindo por essa luz do silêncio tudo se resolve.
E se você teve um pequeno vislumbre, mas se comporta como um “intelectual do autoconhecimento”, sem a aplicação do comportamento compassivo, talvez seja melhor parar seus estudos e se desintoxicar de informações. De tempos em tempos precisamos esquecer de tudo, desconfiar da nossa própria compreensão, e aceitar a rendição, sem opiniões sobre ela. Não há “alguém vencendo” nesse jogo. Só há aquilo.

O objetivo não é saber, é ser. E para ser, não precisa parecer.
É na atitude prática, sem “demonstração de sabedoria”, e sim apenas “servindo honestamente”, que notamos que algo está acontecendo.
Como diria Dalai Lama:
“Minha religião é muito simples, é a gentileza”.
Obrigado a todos que estão aqui. 🙏❤️

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Corvo Seco
Posted 3 years ago

Olá meus amigos, tudo bem por aí?

Você conhece nosso Instagram?
www.instagram.com/corvoseco/

Temos também uma página de colagens voltada a esse tema, caso lhe interesse:
www.instagram.com/supremarealidade/


Foi por lá que começamos esse projeto, mas como é difícil transmitir o entendimento da realidade através de poucas palavras, viemos para o YouTube, tentando aprofundar o que é essa tal de "não-dualidade".
Mesmo assim, nosso Instagram segue postando diariamente (no feed e nos stories) frases e imagens deste universo transcendental.

Algo que nos ajuda nesse entendimento é o tempo que dedicamos a ele, o quanto do nosso dia nos entregamos a vivenciar essa possibilidade, seja isso como uma prática, um estudo, uma tentativa ou um puro vazio, o importante, é o quanto estamos nos familiarizando com esse silêncio, que como diria Wu Hsin, é a ausência do eu.
A presença desse autoconhecimento no dia-a-dia nos lembra da direção e nos ajuda a germinar as sementes que são plantadas neste silêncio.

Como diria Ramakrishna:
“Assim como o fogo da lareira se mantém vivo sendo atiçado de vez em quando, a mente deve ser revigorada, buscando sempre a companhia do sagrado”.

É apenas uma divulgação, o conteúdo sagrado que melhor se encaixa aos teus olhos é você quem deve descobrir.
É aquilo que te aproxima da verdade, independente da aparência favorável ou desagradável.
Seguindo essa voz de silêncio, tudo se esclarece.

Como diria Yogananda:
“Estabeleça um programa, cumpra-o e descobrirá como você pode ser muito mais feliz”.

Muito obrigado. 🙏❤️

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Corvo Seco
Posted 3 years ago

Muito obrigado aos novos inscritos e a todos que nos acompanham desde o início.
Obrigado a todos os comentários, mensagens, e-mails e contribuições.
Que todos possamos trilhar juntos por esse longo caminho de autoconhecimento.

Caso queira entrar em contato, nos envie um e-mail: contato@corvoseco.com.br
Ou envie uma mensagem pelo instagram: www.instagram.com/corvoseco/​

Caminhando entre amigos vamos mais longe.
Muito obrigado. 🙏❤️🔥

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