O Benfica de hoje é como o filme A Plataforma da Netflix, só que em vez de uma torre vertical temos o Estádio da Luz e a bancada inteira a discutir se o Rios é melhor que Barreiro, se Pavlidis devia ter marcado mais um, se Fred é melhor no meio ou descaido para a direita.
No filme, os do andar de cima comem primeiro e lambuzam-se com os restos de foie gras, deixando para baixo só ossos roídos. No Benfica, os “de cima” são os titulares que entram de chuteira envernizada e ordenado gordo. Cá em baixo ficam os suplentes a roer unhas, a rezar para que o treinador se engane na ficha de jogo.
E há também o público, que é uma espécie de “nível subterrâneo”: todos comem com os olhos e ninguém toca na sobremesa. O adepto paga quota, compra camisola a 90 euros, e recebe em troca… uma derrota com o Qarabağ, um empate com Rio Ave e Sta Clara e uma vitória sofrida contra o Gil Vicente.
No El Hoyo, há sempre alguém que tenta organizar a comida, repartir com justiça. No Benfica, chamam a isso “plano de jogo”: uma ideia que dura até ao primeiro passe errado de Richard Rios.
E quando alguém quer mudar o sistema? No filme, dá merda: sangue, pancada, caos. No Benfica, chamam a isso “eleições no clube”. O resultado é parecido: insultos, facas afiadas (metafóricas, vá) e muita gente a jurar que vai deixar de ver futebol… até ao próximo jogo.
Moral da história: no Benfica, como em A Plataforma, só há duas certezas, os de cima comem melhor e os de baixo passam fome. Mas no fim todos acreditam que, no próximo mês, a mesa vem mais bem servida.
18 - 2
Chelsea 1×0 Benfica.
Foi um banquete digno de tragédia portuguesa com final britânico. O Benfica levou as entradas, o prato e até a sobremesa, e o Chelsea só teve de sentar-se e mastigar devagarinho.
As entradas vieram cedo: Richard Rios, com a precisão de um chef Michelin, cozinhou um golo perfeito… mas serviu-o na mesa errada. Foi como preparar umas pataniscas de bacalhau crocantes e, em vez de as levar aos amigos, despejá-las no colo dos ingleses, que até se levantaram a aplaudir, sem perceber bem como é que tanta sorte lhes caiu no prato.
No prato principal apareceu Aursnes. Normalmente, quando fica na cara do golo, serve um naco de vitela no ponto. Desta vez, apresentou um pedaço cru, digno de steak tartare de hotel barato em Piccadilly. O Benfica ficou com fome, o Chelsea agradeceu a economia de esforço.
Na sobremesa, os encarnados ainda lutaram. Correram, serviram cafés, equilibraram bandejas como empregados de mesa num casamento alentejano: suados, dedicados, cheios de entrega. Mas, no fim, o bolo de noiva foi parar à mesa dos ingleses. E Stamford Bridge brindou com chá morno, como quem saboreia uma bifana… sem perceber que a bifana nunca chegou.
O contraste foi cruel: de um lado, o Benfica a sonhar com polvo à lagareiro, arroz de pato e pastel de nata; do outro, o Chelsea feliz da vida com fish and chips caído do céu. O resultado? 1–0, servido frio, como convém à ironia inglesa.
16 - 1
🚨 ONZE OFICIAL DO BENFICA 🚨
Trubin; Dedić, António Silva, Otamendi, Dahl; Barrenechea, Richard Ríos, Aursnes; Lukebakio, Sudakov e Pavlidis.
🔴⚪ O Benfica já tem equipa definida para o duelo frente ao Chelsea em Stamford Bridge!
#Benfica #ChelseaBenfica #Champions
11 - 0
O Chelsea – Benfica é como pôr duas cozinhas frente a frente.
Em Londres, o luxo é fish and chips: batata mole, peixe a pingar óleo e vinagre a fingir que é tempero. Em Lisboa, a festa acaba invariavelmente numa bifana bem passada, no pão mole, com molho a escorrer pelo guardanapo.
O Chelsea joga como um pequeno-almoço inglês: feijão às oito da manhã, pesado e indigerível. O Benfica joga como um pastel de nata: mesmo queimado, continua a saber a casa.
No fim, Stamford Bridge vai cheirar a gravy. A Luz, mesmo à distância, cheira sempre a sardinha assada. E Mourinho sabe: um golo mal servido vale mais do que dez pratos bonitos.
Resultado provável? Empate com sabor agridoce. Ou seja, uma bifana comida à pressa — deliciosa, mas a arder no estômago
43 - 8
O jornal espanhol Marca garante, este sábado, que Karim Benzema pode mesmo acabar no Benfica. Aos 37 anos, entra nos últimos seis meses de contrato e fica livre para negociar. Em Espanha chamam-lhe “custo zero”; por cá é mais simples: umas imperiais bem tiradas, caldo verde a ferver, couratos a pingar gordura no pão e queijo português, que pode não ter a fama do francês, mas come-se à faca e com o pão caseiro fatiado.
Segundo o Marca, Mourinho já lhe terá telefonado. Não para falar de tácticas, mas para lhe dizer que em Lisboa não há deserto nem camelos: há roulottes, há vinho tinto e há um estádio que canta mais alto que qualquer mesquita. Benzema, dizem, ficou a pensar.
O Al-Ittihad pode oferecer milhões, mas nenhum cheque compra uma quarta-feira europeia na Luz, nem o bigode cheio de espuma de cerveja de um benfiquista que já gritou golo antes da bola entrar.
89 - 8
Mourinho chega ao jogo com o Gil Vicente como quem vai a um casamento de calças de ganga. O Barrenechea está de castigo — cinco amarelos é quase um troféu — e sobra Leandro Barreiro. Vai ter de dançar a música de casamento, mas percebe-se logo que o estilo dele é mais pista de tecno do que valsas a dois tempos.
Richard Ríos é o único nome garantido. Mourinho já disse: “este joga”. É quase bíblico. E não é à toa: no meio-campo do Benfica, quando falta água, é ele que abre a torneira.
O resto é uma lotaria. Ivanovic pode sair, Schjelderup espreita uma vaga e Lukebakio aparece com a autonomia de um carro elétrico sem carregador: arranca bem, mas aos 60 minutos já pisca a reserva.
Para dar molho, Mourinho chama o miúdo Gonçalo Moreira, que marcou quatro ao Qarabag na Youth League. É como puxar o estagiário para liderar a reunião porque os chefes ficaram doentes.
No fim, é o típico Benfica versão Mourinho: parece improviso, mas quando a música começa, toda a gente sabe a coreografia.
65 - 8
Conteúdo Desportivo.
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Zumub: aguia
3 November 2011