Kharkov – população foge da cidade: caos toma conta da região
Chama muito a atenção o que ocorre não somente na cidade de Kharkov (Kharkiv, para os ucranianos) como nas cidades e vilas em sua proximidade. Isto acontece em virtude de uma série motivos que vale a pena ser compreendida. Conta para tal as ações de bombardeios russos, o curioso incentivo do Governo de Kiev e o resultante pavor que as pessoas demonstram com os eventos. Vamos entender o que acontece.
As pessoas fogem de Kharkov de forma generalizada, para muitos de forma precipitada em um movimento que curiosamente conta com o apoio e o incentivo do próprio Governo de Kiev. Por quê? Bem, com o desenvolvimento desta reflexão, vamos entender
Importa também perguntar: por onde os habitantes de Kharkov estão a fugir? Em especial, por duas rodovias.
Uma das rotas de fuga da capital do Oblast ocorre pela E-102, uma rodovia internacional que liga a Ucrânia à Rússia, passando por Belgorod e atingindo notadamente a cidade de Tula. A partir desta cidade, a continuação da estrada se transforma na rodovia federal russa M-2, que leva à cidade de Moscou.
Os habitantes de Kharkov também deixam a cidade pela rodovia federal M-03, que atravessa Poltava e vai até Kiev. Na capital ucraniana, a sequência dessa estrada vira a rodovia internacional E-40, que passa por Zitomir, Rivne, Lutsk, Lviv, entra e atravessa toda a Polônia, passando por Crakóvia, Katovice, Breslávia, chegando a Dresden, na porção da Alemanha que na época da União Soviética era conhecida como República Democrática da Alemanha, ou Alemanha Oriental.
Qual é o caráter dessa “fuga”?
Para que tenhamos uma ideia da fuga, essas duas rodovias possuem quatro estradas, cada uma; duas estradas para cada sentido. Pois bem, em ambas as rodovias o que se vê é um movimento de fuga para o qual são utilizadas três das quatro estradas de cada rodovia.
Em parte, a fuga ocorre em virtude do próprio caos energético e de infraestrutura que se registra na segunda mais importante cidade da Ucrânia, sobretudo a partir dos ataques poderosíssimos que a Rússia fez entre os dias 22 e 29 de março, embora esses ataques não tenham cessado a partir de então.
Precisamos pontuar dois aspectos muito relevantes. O primeiro é que a Rússia não atacou a região durante o inverno justo para que as pessoas não sofressem eventualmente com a falta de energia. Segundo ponto é que os ataques que ocorrem, a partir de então, também são uma resposta vigorosa de Moscou aos atentados terroristas da Ucrânia às cidades fronteiriças.
A posição de Kiev como incentivador do evento e o seu uso propagandístico
Importa muito reconhecermos que os eventos em Kharkov de novo nos oferecem uma perspectiva do caráter do regime de Kiev. Ou seja, a preocupação zero com os seus próprios cidadãos e a canalização de preocupação e esforços para que Kiev possa se utilizar da tragédia do próprio povo para obter ganhos financeiros e armas do Ocidente, objetivando o prolongamento do conflito de tal sorte que aqueles que estão no poder, em Kiev, não o deixarão tão cedo.
Assim sendo, o que se vê em Kharkov é produzido pelas bombas russas, mas também e principalmente pela assinatura do Gabinete Presidencial de Kiev, que intensifica o caos, o incentiva e o utiliza como propaganda. Propaganda para a tenção de mais benefícios do Ocidente.
Deixando claro, a despeito de todos os bombardeios russos à infraestrutura energética, a pouca energia que ainda existe no ambiente é totalmente suficiente para o consumo civil. E o consumo da população civil, em momentos como esse, é o que se prioriza mesmo diante de cenários bélicos devastadores ao longo da história.
Porém, o que está fazendo o governo ucraniano? Está a direcionar a pouca energia existente para fins militares. Por quê?
Em primeiro lugar, porque para Zelensky e seus apoiadores a guerra é uma instituição à frente do próprio povo em termos de importância.
Em segundo lugar, porque retratar o caos estabelecido natural e artificialmente em Kharkov se faz vital para a propaganda que legitima ainda mais a guerra e obriga o Ocidente a seguir financiando-a.
Percebe-se, portanto, que o governo ucraniano não apenas deseja que as pessoas abandonem Kharkov como ainda tenham um motivo real para tal. Precisam deixar a capital do Oblast para que não consumam e não reclamem da falta de consumo da energia; precisam deixar a capital pelo problema “real” de não terem energia para o bem-estar do seu consumo doméstico.
Só que tudo isso não basta, e para que o objetivo seja alcançado na sua totalidade Kiev pratica na Região a propaganda do terror. E para que essa propaganda seja eficiente é necessário a efetivação do discurso de que a Rússia vai assaltar Kharkov, de que a Rússia vai destruir por completo o Oblast etc. Esse discurso precisa ser compreendido e aceito na sua plenitude de tal sorte que as pessoas não tenham a menor dúvida de que o inimigo russo não vai apenas devastar tudo ao seu redor, também não poupará os civis.
Carentes de energia, e sobretudo amedrontadas, as pessoas não têm alternativas que não seja a de abandonarem a cidade de Kharkov. E quando o fazem, e de forma caótica, Kiev faz o registro dessa fuga e o utiliza como propaganda em prol do financiamento e em prol da continuidade da guerra.
Outras informações que corroboram tudo o que foi dito até aqui passam pelos serviços básicos que estão com o seu funcionamento comprometido, como posto de saúde, serviços de segurança e demais serviços governamentais. E tudo isso também pincela aos olhos da população civil de Kharkov o cenário de devastação e de caos.
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Nos dias atuais, uma simples ponderação é quase declaração de guerra. Apesar disso, não podemos desistir de praticá-la sob o risco de perdermos a autonomia que compõe o ser humano e que, inclusive, o define em vários aspectos. Este canal tem o objetivo de ponderar em busca da coerência diante do que propõe as mais diversas instituições, como partidos políticos, governos etc. Se um partido político se identifica como de esquerda, ele precisa praticar ações que correspondam à sua própria escolha; se é de direita, também ele pode trair aos seus eleitores, para o bem ou para o mal, ao incorrer em ações que vão contra ao que fez os seus eleitores acreditarem.
Ora, tal objetivo configura este canal como de Geopolítica. E se isto é uma verdade, esta última também será constantemente investigada nas nossas abordagens acerca das decisões praticadas pelos governantes, opositores e "senhores do Estado" tanto no Brasil como no mundo. Logo, nosso canal também objetiva o despertar das reflexões.
20 December 2023